terça-feira, 22 de junho de 2010

Ele, o super-herói!

Não consigo definir a sensação de perder alguém importante. Na verdade, acho que não sei sentir isso. Torna-se grande demais pra mim, e acabo me afobando com os meus próprios sentimentos.
Hoje faz uma semana que o homem mais importante da minha vida se foi e por mais que existam amigos e uma família toda ao meu lado, sinto que tá faltando alguma coisa, como se tivessem tirado um pedaço de mim.
Sei que o que ele mais queria é que eu fosse uma pessoa feliz e sei que ele fez tudo o que podia e não podia pra que isso acontecesse. E por mais que palavras fossem raras, só de estar perto dele, podia sentir amor e proteção em doses cavalares o tempo todo!
Lembrei de um dia que mandei uma mensagem em seu celular, antes de dormir, dizendo simplesmente que o amava e dois minutos depois ele me ligou já se explicando que não podia responder por mensagem, pois esse serviço estava desabilitado no plano dele, mas que me amava muito também e perguntou todo preocupado se havia acontecido alguma coisa comigo e se eu estava bem. Nesse momento percebi o quanto a falta de hábito em expressar nossos sentimentos causava certo estranhamento quando isso acontecia, que necessitava de explicações para retribuir um carinho feito. E que a preocupação dele fez com que me dissesse um "Eu te amo" tão intenso que o mundo poderia acabar ali e eu não ligaria. Meu pai me amava muito e só isso me importava naquele momento! Nesse dia, adormeci leve.
Por mais que sua ida ainda me deixe inconformada, sei que essa era hora e que agora ele está muito melhor do que antes. Sei o quanto sofreu nesses últimos tempos e que a vida não foi tão gentil quanto ele merecia, por ser um homem guerreiro e honesto ao extremo... Mas a dor é tão enorme, que me faz ser um tanto egoísta e desejar todos os segundos que isso não tivesse acontecido.
Na minha infância eu não o via muito, mas sempre o imaginei com aquela roupa azul e vermelha do super-man, porque ele era - e ainda é - o super-herói do meu mundo e hoje tenho a impressão que a qualquer momento ele voltará voado com a sua capa gigante e aquela cara de mau com um coração de ouro, dizendo pra eu ficar bem e não me preocupar, porque ele está muito bem e feliz!
E por mais que a dor seja gigante, desejo muito mesmo que uma hora isso tudo se transforme em uma saudade saudável e que eu consiga lembrar dele sem chorar de revolta por ter o perdido. Mas chorar de alegria por ter o privilégio de ter tido um pai tão incrível. E mesmo com todos os defeitos, era um pai que, a sua maneira, me cuidava e me amava, tentando me mostrar que ele sempre estaria comigo. Rezo muito por isso e sei que independente das circunstâncias, ele continua a me cuidar e me amar...

Adeus, não... Até logo, pai!

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